quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Alicerces

― Qual foi o melhor professor que você teve até hoje?
— Meu caro Miguel, que me dava aulas de Inglês.
— Por quê?, o que ele te ensinou de tão especial?
― Que o único jeito de melhorarmos em algo é nos compararmos a nós mesmos.
— Como assim?
― Suponha que você queira se aperfeiçoar como pessoa. Tem mais de seis bilhões de pessoas pelo mundo e cada uma delas é um indivíduo único. De modo geral, se você tentar se comparar a um número tão grande de indivíduos, teria que "superá-los" em uma quantidade infinitamente grande e paradoxal de características. Se usar um grupo finito de características ou pessoas, seu crescimento seria limitado. A única forma de crescer como indivíduo é ter em mente o que você tem como alicerce pra construir algo e como isso pode ser feito, em vez de tentar fazer coisas tomando alicerces emprestados. Isso se aplica a quase tudo ― senão tudo ― na vida, desde proficiência em um idioma estrangeiro até conhecimento inter e intrapessoal.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Cult

― O que você está assistindo?
― Ladri di Bicliclette.
— De quando é isso?
― 1948, se não me engano.
— Sabe… pergunto-me como você consegue assistir a essas velharias.
— Por quê? O que tem de ruim nelas?
— As histórias quase nunca têm graça. Não acontece nada de extraordinário.
― Mas essa é justamente a graça da coisa. Filmes, séries e livros muitas vezes são só entretenimento vazio. Não que eu não consuma essas produções, mas acho que elas devem ser colocadas no lugar que lhes cabe. É legal selecionar um tempo pra ver e ler obras cult.
— Ahhh, essa cultura de achar que ver e ler obras mais cabeça fazem alguém mais inteligente.
— Existe preconceito dos dois lados. Parece que quem lê Twilight é infantil e alienado e quem lê os textos de Bukowski sabe de algo da vida. Não é verdade; no fim o que importa é o que você considera importante e como o contato com tal trabalho influencia na forma como você vê as coisas. E isso vale pra textos, imagens e, principalmente, pessoas.