terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Arte religiosa

— 'Tá ouvindo música de igreja, é?, haha.
— Sim. É a Missa em Si Menor, de Bach.
— Pensei que você, mais que todos que conheço, tivesse aversão a religiosidade.
— Tenho; mas isso não me impede de apreciar uma composição maravilhosa como Christe Eleison.
— Mas a Missa e muitas outras produções artísticas são resultado da devoção de seus autores, não?
— Claro. São pequenas jóias em forma de sons, cores e formas, mas o preço que a humanidade pagou por elas foi alto demais: irracionalidade e injustiça durante muitos séculos, e os vestígios ainda estão presentes atualmente. Se a Igreja Católica não tivesse existido, muito sangue teria sido poupado nos livros de História e provavelmente não teríamos estas jóias.
— Pois é. Eu preferiria que o sangue tivesse sido poupado, mesmo que hoje não tivéssemos essas produções.
— Eu também. Mas se você já pagou por uma jóia muito boa e descobriu que ela não valia tudo isso, a decisão mais acertada seria continuar usufruindo dela e tomar cuidado para que os abusos não voltem a acontecer no futuro, não?

Poder

(…)
— Não entendo a fixação que certas pessoas têm por dinheiro e poder aquisitivo.
— Vai dizer que você acha que dinheiro não é importante?
— Não que eu não ache importante; apenas acho que não deve ser o foco nas nossas vidas.
— Ha, você diz isso porque nunca passou necessidade.
― Não foi isso que quis dizer. Acho que ter e/ou ganhar dinheiro é bom, mas ele não deve ser uma finalidade. Digo, ele nos permite o luxo de darmos atenção ao nosso crescimento cultural e pessoal, mas apenas se for uma ferramenta para o cultivo de trabalhos, estudos e hobbies saudáveis. Acho que a obtenção de bens e poder aquisitivo como uma meta torna-se um ciclo vicioso em que a pessoa não usufrui daquilo que conquistou pois nunca parece ter o suficiente. Poder adquirir cada vez mais sem jamais fazê-lo.