segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Detalhes

— Por que você passa tanto tempo observando esse seu aquário?
— Porque me encanta como um sistema tão pequeno, montado por mim, é capaz de me mostrar algo novo todos os dias. Cada dia eu noto um traço de comportamento dos peixes, do desenvolvimento das plantas, do equilíbrio biológico; algo que estava lá e que eu não havia notado, ou que vai mudando aos poucos. Aliás, acho que isso acontece com quase tudo que é familiar.
— Como assim?
— Pode notar que as coisas mais familiares pra nós são, normalmente, aquelas a que a gente presta menos atenção. Me diverte ver como cada releitura traz à luz algum detalhe que antes passara despercebido.

Respeito pela vida

(…)
— Respeito pela vida não significa idolatrar ou não matar. A morte alimenta a vida, é um ciclo do qual a gente não pode escapar. Respeito significa não causar morte e/ou sofrimento desnecessários, nem se comprazer com essas coisas. Por isso acho que o vegetarianismo que tem como objetivo boicotar a engorda e abate de animais é sem sentido. Uma coisa é ter uma atitude contra o desperdício de carne (e de qualquer tipo de alimento), o que é louvável; outra, bem diferente, é abominar o consumo de qualquer tipo de carne só porque ela já foi viva.
(…)

Os sistemas de pensamento

(…)
— Mas, se tem uma coisa que me deixa triste, é como muita gente por aí defende a Ciência de forma tão passional.
— Qual o problema em defendê-la?
— Bem, vai contra os princípios dela mesma. O grande diferencial da Ciência é a sujeição que as idéias têm à discussão e descarte, por mais antigas que sejam. Defendê-las com unhas e dentes é irracional, é avesso ao método científico. É bom que saibamos onde ela e os outros sistemas de pensamento humanos estão situados ao decidirmos falar sobre este ou aquele, e que deixemos nossos preconceitos pessoais em segundo plano ao tratar de tal assunto.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Animais e crianças

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— Acho que uma das melhores formas de se passar o tempo é interagindo com animais e crianças.
— Por quê?
― Gosto de observar como agem. As pessoas adultas em geral são ponderadas em suas atitudes, e não costumam pensar em certas coisas aparentemente óbvias demais para serem consideradas. As crianças freqüentemente dizem coisas que vão direto nos nossos alicerces culturais e nos lembram da fragilidade estrutural deles. Já os animais me chamam atenção pelas reações de medo, alegria, etc. A identificação que tenho com elas me é um ótimo lembrete de que, por mais raciocínio lógico e tecnologia que tenhamos ou por mais intensos que nossos estados de espíritos possam ser, somos afinal tão animais e tão vivos quanto eles.